“Essa expressão havia marcado profundamente minha vida até então; como bispo, dispunha-me a proclamá-la com atos e palavras.”
Em janeiro de 1956, deixei minha casa, em Brusque, para ir para o Seminário de Corupá, da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. A partir daí, fui me identificando cada vez mais com o carisma dehoniano. Era meu projeto viver e trabalhar a vida toda dentro das estruturas dessa Congregação. Em 1985, porém, o Papa João Paulo II me escolheu para o episcopado. Passaria a viver o carisma de Pe. Dehon de outra forma.
Naquela ocasião, devia fazer duas escolhas: Que Bispo me ordenaria? Onde seria minha ordenação episcopal? Quanto ao Bispo, não havia dúvidas: seria Dom Afonso Niehues, Arcebispo de Florianópolis, que, em 1969, havia me ordenado sacerdote. Quanto ao lugar, também não havia muito que pensar: seria em Brusque, na Matriz S. Luiz Gonzaga, onde, criança ainda, havia servido como coroinha e, aos 27 anos, fora ordenado sacerdote. Além disso, era a Paróquia de meus pais e de minha família.
Passados vinte e cinco anos, continuam vivas, em minha memória, as cenas da celebração daquela tarde de domingo, dia 28 de abril de 1985. No final da Missa, expliquei a todos a razão da escolha de meu lema episcopal: “Deus é amor” (1Jo 4,16). Essa expressão, que nasceu da experiência de fé do evangelista S. João, havia marcado profundamente minha vida até então; como bispo, dispunha-me a proclamá-la com atos e palavras.
Hoje, ao olhar para o início de minhas atividades episcopais, agradeço a Deus pela experiência adquirida ao longo dos seis anos em que fui Bispo Auxiliar de Florianópolis. Dom Afonso foi para mim um mestre, um pai e um amigo. Em 1991, fui nomeado Bispo Diocesano de Ponta Grossa. Sabia que seria uma experiência diferente, pois passaria a ser o responsável por uma Diocese. Nada conhecia daquela região. Mas a acolhida que aquele povo me deu ajudou-me a superar qualquer dificuldade, desde os primeiros momentos. Em 1997 – portanto, seis anos depois -, fui nomeado Arcebispo de Maringá. Encantei-me com o jeito alegre daquela gente, com sua criatividade e espírito de iniciativa. Quando pensava que ali ficaria para sempre, recebi a nomeação para a Arquidiocese de Florianópolis. Era o ano de 2002. Aqui estou, portanto, há oito anos.
O que mais tem chamado minha atenção nesses oito anos, é o rápido crescimento populacional de nossa região. Em dez anos, nossa Arquidiocese, formada por trinta municípios, cresceu quatrocentos mil habitantes. Por isso, por mais que cada qual trabalhe, corra e se multiplique, fica sempre muito para ser feito.
No próximo dia 28 de abril, voltarei à Igreja Matriz S. Luiz Gonzaga, dessa vez para agradecer a Deus. A certeza mais forte que fica da vivência desses vinte e cinco anos de bispo está muito bem sintetizada na frase de S. João: "Deus é amor". Por isso, agradeço antecipadamente a todos aqueles que, naquele dia, se unirem a mim para cantar os louvores de Deus.