Dom Jacyr Francisco Braido
Bispo Diocesano de Santos (SP)
O mês de maio é dedicado a Maria. Também celebramos o Dia das Mães. Falar em mãe é falar de amor, doação e entrega! É comovedor contemplar as mamães cuidando das crianças! E dedicando-se aos filhos e às filhas em todas as idades! Conforta-nos quando na família sentimos a presença dedicada da mãe e do pai: isto inspira confiança e nos dá a certeza de um futuro de paz e harmonia para a humanidade, hoje tão marcada pela violência!
Mãe é sinônimo de fortaleza e de coragem! Maria foi tocada por várias “surpresas”. A primeira foi a anunciação do anjo: “O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo. Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação (Lc 1, 28-29).” A jovem Maria, ao receber a visita do anjo sentiu-se – como lia na Bíblia – interpelada pela voz de Deus, assim como os profetas. Afinal quem lhe apareceu era um anjo. Estava para acontecer algo grandioso e divino com ela. Sentiu-se “perturbada”. Qual seria o significado desta saudação tão inusitada? Mas o anjo a conforta: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o tro-no de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc 1, 30-33). Maria dá corajosamente a resposta: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
A partir deste momento, sua vida está a serviço de Jesus e de sua missão no mundo. Em Belém, ela O deu à luz. Fugiu com Ele para o Egito, a fim de salvá-lo da fúria de Herodes. Em Nazaré, compõe com José o quadro de amor e colaboração mútua da Sagrada Família.
Mas surgem outras “surpresas”: aos 12 anos em sua primeira participação na festa da Páscoa, o menino se empolgou com as “coisas de seu Pai” e ficou no Templo sem ser notado. Mas, a seguir, “Jesus desceu com seus pais para Nazaré e era obediente a eles. Sua mãe conservava todas estas coisas no coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 51-52). Sua vida estava agora para sempre ligada á de Jesus. Torna-se discípula de seu Filho e vive a alegria deste discipulado. O Documento de Aparecida diz: “A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio” (DA, 29).
E as surpresas vão se sucedendo. Jesus parte para a realização de sua missão e Maria, a “discípula” fiel está presente no momento mais difícil. Subiu com Ele ao Calvário e no momento de sua morte, “Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado, o discípulo que ele amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho! Depois disse ao discípulo: Eis a tua mãe!” (Jo 19, 26-27). E ela assiste à sua morte, acolhe-o já sem vida em seus braços de mãe e acompanha-o à sepultura. Tudo parecia terminado!
Mas a Discípula tem a surpreendente alegria de vê-lo ressuscitado e depois subindo aos céus, após ter confiado aos discípulos a missão de anunciar seu Evangelho em todo o mundo. Seguindo suas ordens, reúnem-se no Cenáculo: “Todos eles perseveravam na oração em comum, juntamente com algumas mulheres – entre elas Maria, mãe de Jesus” (At 1, 14). E com a vinda do Espírito Santo tem início a missão da Igreja em todo o mundo.
E esta missão sempre conta com a presença da Mãe: a Senhora do Rosário (num momento difícil da história da Igreja), Nossa Senhora de Guadalupe, (no anúncio do Evangelho nas Américas), Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Se-nhora de Fátima e Nossa Senhora Aparecida, entre nós.
Nossa Senhora do Rosário, Padroeira de nossa Diocese, nos acompanha em peregrinação em nossa missão na Baixada Santista, hoje tão marcada pela violência. Com ela, queremos ser discípulos missionários de Jesus, e levar avante nossa missão com as três prioridades: família, juventude e catequese. “A família é insubstituível para a serenidade pessoal e para a educação dos filhos. O papel da mãe é fundamental para o futuro da sociedade. O pai, por sua parte, tem o dever de ser verdadeiramente pai, que exerce sua indispensável responsabilidade e colaboração na educação dos filhos. Os filhos, para seu crescimento integral, têm o direito de poder contar com o pai e com a mãe, para que cuidem deles e os acompanhem rumo à plenitude de sua vida” (Bento XVI, em Aparecida). A juventude merece todo nosso apoio para que seja construído um mundo de paz e esperança. A catequese é a alma do anúncio de Jesus nos dias de hoje.
Estamos em pleno Ano Sacerdotal: “Para cumprir sua altíssima missão, o sacerdote deve possuir uma sólida estrutura espiritual e viver toda a existência animado pela fé, esperança e caridade. Tem de ser, como Jesus, um homem que procure, através da oração, o rosto e a vontade de Deus, cultivando igual-mente sua preparação cultural e intelectual” (Bento XVI, em Aparecida). Maria, Mãe da Igreja, nos abençoe, proteja e acompanhe!