“Um sinal para a Igreja que, olhando para ela, crê com renovada convicção no cumprimento das promessas de Deus.”
Um grande sinal apareceu céu: uma mulher revestida de sol, a lua debaixo dos seus pés e, na cabeça, uma coroa de doze estrelas (Ap 12,1). Essa passagem do livro do Apocalipse é proclamada na Missa da Assunção de Nossa Senhora. Segundo o ensinamento oficial da Igreja, a humilde jovem de Nazaré, escolhida e preparada desde toda a eternidade por Deus para ser mãe de seu Filho Jesus, foi elevada em corpo e alma à glória do céu. Se hoje está “vestida de sol”, não se deve a um mérito seu ou ao resultado de seus esforços mas, sim, à escolha feita por aquele que “nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo” (Ef 1,3).
Ignoramos como e quando se deu a morte de Maria, e mesmo se houve realmente morte. Os orientais preferem falar da dormição de Maria. Os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as Epístolas não fazem referência a isso. A fé nos ensina que Maria foi assunta ao céu em corpo e alma, isto é, foi glorificada de forma total e completa. Ela já é o que somos chamados a ser após a ressurreição da carne. Sua Assunção mostra o valor do corpo humano, templo do Espírito Santo. Também ele é chamado à glorificação. Nosso corpo não nos é dado para ser instrumento do pecado, para a busca do prazer pelo prazer, mas para a gló- ria de Deus.
O dogma da Assunção nos dá uma certeza: Maria já alcançou a realização final. Tornou-se, assim, um sinal para a Igreja que, olhando para ela, crê com renovada convicção no cumprimento das promessas de Deus. Olhando para o que Deus já realizou em Maria, os cristãos animam-se a lutar contra o pecado e a construir um mundo justo e solidário, para participar, um dia, do Reino definitivo.
Uma mulher já participa da glória que está reservada à humanidade. Nasce, para nós, um desafio: lutar em favor das mulheres que, humilhadas, não têm podido deixar transparecer sua grande vocação.
É preciso, porém, estar atentos a um risco: a verdade sobre a Assunção de Maria, sobre sua glorificação antecipada, pode fazer com que passemos a vê-la distante de nós, muito acima de nossa vida e de nossa realidade. Crer na Assunção é proclamar que aquela mulher que deu à luz num está- bulo, entre animais, que teve seu coração traspassado, viveu no exílio etc., foi exaltada por Deus e, por isso mesmo, está muito mais próxima de nós. A Assunção mostra as preferências de Deus por aqueles que são pobres, pequenos e pouco considerados neste mundo.
A Assunção de Maria lembranos o objetivo de nossa vida: estar, um dia, eternamente, com Deus. Uma irmã e mãe nossa – irmã na ordem da criação, mãe na ordem da graça -, já está com Deus. Renova-se em nosso coração a esperança de recebermos, também, idêntico prêmio.