As orações que aprendemos quando crianças muitas vezes ficam com a gente na vida adulta, para escorar nossas almas quando precisamos
No funeral de seu pai, uma mulher compartilhou a história sobre o ritual de oração na casa de sua família. Todas as noites, quando se sentavam para o jantar, o pai fazia uma pausa, pedia-lhes para abaixar a cabeça e, junto com ele, agradecer a Deus. Embora a maioria das palavras mudasse junto com a comida diante deles, uma frase ficou marcada: “Você sabe das nossas necessidades, Deus, e em sua misericórdia, nos conceda”. Como era criança, a mulher disse, ela entendia que as “necessidades” que seu pai falava eram materiais. Ela pensava que significava roupas novas, a viagem à Disney que, numa idade jovem, acredita ser uma necessidade.
Isso foi até que ela cresceu – com sua própria família – e percebeu a profundidade da oração. As necessidades que seu pai estava reconhecendo eram outras. Ele pedia a Deus segurança, sabedoria, paciência, amor, todas as coisas que um bom pai quer fornecer para seus filhos.
Como ele estava morrendo, as palavras de sua oração vieram em sua mente, de repente, e foi um conforto neste momento triste. Eles recordavam que seu pai precisava de alívio da dor, e que Deus iria fornecer paz e conforto. E ela se sentiu tão grata que seu pai lhe dera as mesmas palavras para aliviar sua própria dor – sua dor – orando em seu momento de necessidade.
Sua história me lembrou de toda a beleza e força contida nas orações, mesmo as mais básicas. E é um lembrete de que eu sou grata, porque às vezes as orações que compartilhamos com nossas famílias podem ser um hábito – nós dizemos e esquecemos o significado mais profundo. Mas essas mesmas palavras podem te surpreender com a sua força algum dia, podem vir em seu auxílio quando você mais precisar.
Então, essas orações que aprendemos quando crianças, e os nossos filhos aprendem agora, são um presente de muitas maneiras: isso dá às orações tempo para mergulhar – antes mesmo de nós compreendermos completamente – e mais tarde ajudar a moldar-nos e curar-nos.
Inspirada, perguntei às pessoas ao redor e ouvi de outros adultos que tiveram semelhantes poderosas experiências com suas orações de criança. O que eu descobri foi que a oração é uma forma muito pessoal de conforto e de suporte – todo mundo tem seu próprio jeito de se apoiar. Mas através de suas histórias, eu também encontrei este conselho: nunca é tarde demais para fazer da oração uma tradição familiar. Use uma das orações favoritas abaixo para inspirar sua própria oração.
Lembre-se dos clássicos
Ellen Painter Dollar, mãe de três filhos, diz que ela se inclina em uma simples frase da Oração de Jesus: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador”. Ellen volta-se para esta oração porque “tão rapidamente percebo no coração quem eu sou e quem é Jesus. Quando estou me sentindo desesperada por qualquer razão – minha própria dor (cansaço físico ou emocional), dor do mundo, a minha culpa ou vergonha – misericórdia é muitas vezes a coisa que eu mais preciso”. E, como mães, muitas vezes é a coisa precisamos mostrar.
E Ellen não é a única que recorre às orações para ajudá-la. Contar com as mais conhecidas frases – as que vêm de várias gerações, e às vezes milenares – pode ser uma bênção, especialmente quando rezar não é confortável ou natural para você.
Michelle Van Loon, mãe de três e avó de dois, cresceu dizendo o Shemá, em hebraico, que significa: “Escuta ó Israel, Adonai nosso Deus é Um. Bendito é o Eterno e que seja bendito para sempre”. Esta oração, diz ela, é muitas vezes a primeira oração que uma criança judia aprende. Ainda hoje, Van Loon diz, esta oração lembra que Deus é acima de tudo, e lhe dá esperança em tempos de necessidade.
Reze o que Jesus rezou
Tem sido falado que as palavras de Jesus, “em tuas mãos entrego o meu espírito”, vieram de uma oração hebraica que sua mãe, Maria, teria rezado com ele à noite. Foram essas palavras de conforto – de sua mãe, ao seu Pai – que Jesus rezou.
Mas Jesus não só rezou as antigas orações que sua mãe lhe ensinou, Ele, é claro, também nos ensinou novas orações. Você dificilmente errará utilizando as palavras do Pai Nosso ou Oração do Senhor como parte do ritual diário da sua família. Considere que apenas rezar as palavras de abertura, “Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome”, nos conecta com Deus (nosso Pai!), ou que uma linha como, “perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido …”, oferece-nos um lembrete muito necessário para receber a graça e ter misericórdia.
Gillian Marchenko diz que sua família reza o Pai Nosso antes de sair de casa pela manhã. Mãe de quatro meninas, sendo que duas têm Síndrome de Down, ela diz, “Eu vivo para ‘o pão nosso de cada dia nos dai hoje’”.
Repita seus favoritos
Nossos pais, provavelmente, não se propuseram a “inventar uma oração”, e ainda muitos deles, como os pais no início deste artigo, fizeram exatamente isso. Então, ouça as suas próprias orações e pergunte-se: existe algo que naturalmente a sua voz interior fica repetindo? Se assim for, observe-o – e continue a repeti-lo, mas em voz alta. Se você tiver o hábito de incluir essas palavras sempre que você rezar com sua família, elas terão o poder de moldar gerações.
Da mesma forma de tornar o hábito de quando rezar terá o mesmo efeito. Patricia Wharton, mãe de dois filhos, que vive no Texas, diz que sua família rezava antes das refeições, e apenas esse pequeno ato ajudou a moldá-la, e agora ela faz a mesma coisa com sua própria família.
Dale Hanson Bourke, mãe de dois filhos, tem o hábito de rezar enquanto dirige – ou, parando, na verdade. “Eu não sou uma mulher paciente”, diz Bourke, “assim eu rezo parando nos sinais. Obrigado Jesus por _____. Até que o cara atrás de mim buzina”.
Cante suas orações
Muitos pais usam orações como canções de ninar. “Encontro-me estranhamente movida pela canção ‘Jesus Loves Me’”, diz Dollar. “Quando meus filhos eram pequenos, era canção de ninar favorita deles”.
Embora seus filhos estejam agora muito velhos para ninar, Dollar diz que um de seus filhos ainda pede que ela cante Jesus Loves Me.
Vá em frente
Anos atrás, uma antiga vizinha me enviou mensagens no Facebook. Ela queria que eu soubesse o quão importante minha família foi para ela. No início, eu não poderia imaginar o porquê. Nós caminhávamos juntas para a escola no período da manhã, mas o que tinha feito a minha família que era tão especial? Ela perguntou se eu lembrava como meus pais rezavam com a gente naquelas manhãs: ela chegava, rapidamente fazíamos uma oração e saímos para a escola. Será que eu me lembro?! Pensei. Eu considerava essas orações antes da escola como uma das humilhações da minha juventude.
Como se constata, a menina vizinha viu aquelas manhãs de forma bastante diferente. Enquanto eu estava envergonhada, ela foi tocada. A família dela estava caindo aos pedaços. Ninguém prestou muita atenção quando ela saiu de casa. Então, ela aparecia mais cedo só para garantir que meus pais a incluíssem na oração, e ela me disse que isso mudou sua vida.
Hoje, eu mesma rezo com meus filhos no caminho da escola, então eu acho que, apesar de ter me envergonhado quando criança, essas orações mudaram a minha vida também.
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Caryn Rivadeneira é autora de cinco livros e é colunista da Her.meneuticse ThinkChristian. Ela vive em Chicago com o marido, três filhos e um pit bull. Visite seu site: carynrivadeneira.com