É comum, no início de cada ano (ou de cada etapa da vida) o desejo de vida nova! Nós cristãos, pela nossa própria natureza, sabemos que esta é a nossa vocação: vida nova! Recomeçar, renovar, renascer, transformar-se, converter-se são graças que Deus nos concedeu e que devem ser o nosso desejo constante. A partir da Ressurreição de Jesus, Deus nos garantiu a vida em plenitude, a vida eterna! A salvação, desta forma, não é uma realidade para o futuro, mas para o “hoje”! O céu não é apenas um destino para a pessoa de fé, que na esperança, vive a caridade, mas uma realidade que deve ser conquistada a cada dia, pela nossa resposta à bondade e à graça infinita de Deus. Todos nós somos chamados a construir, aqui e agora, o Reino do Céu.
É certo que não basta bom propósito! O bom propósito é o impulso inicial e deve ser a motivação permanente! É necessário atitude, assimilação, aceitação, convicção, desejo… Infelizmente, muitas vezes, nossos propósitos têm vida curta.
Para tudo na vida é indispensável discernimento, obtido pelo necessário conhecimento das realidades. Conhecer a si mesmo, conhecer as qualidades, as potencialidades, os dons que Deus concedeu, bem como os limites e as insuficiências são condições essenciais. Além disso, é necessário saber, conhecer o que se quer, que caminho se deseja trilhar. Para este conhecimento-discernimento é fundamental abrir-se ao Espírito Santo. Assim, em tendo clareza dos nossos desejos, dos nossos projetos e assumindo o que se quer, estaremos galgando um degrau importante no crescimento pessoal. A ideia, o desejo e o conhecimento devem se tornar “carne” em nós. Não basta saber, é preciso assumir! A ciência transforma-se em consciência. Quando temos consciência da nossa realidade, do mundo que nos cerca, do que desejamos, tudo passa a ser diferente. E somente assim, teremos condições de mudança, de trilhar novos caminhos, de ter uma “nova vida”. A ciência se transforma em consciência, e a consciência em vivência! Estas se constituem, então, em três dimensões fundamentais para que possamos ter “vida nova em ano novo”: ciência da nossa realidade, consciência de nossa condição e missão, e desejo de vida nova, vida transformada.
Projeto de Vida
Você reserva um tempo para si mesmo? Você sabe se escutar? Gosta do silêncio ou tem medo dele? Mesmo na correria do dia-a-dia, você consegue parar e olhar para si mesmo, para o mundo que o(a) cerca? Uma primeira condição para uma “vida nova” é ter consciência da “sua vida”. A sua vida é importante! Qual o maior dom que Deus lhe concedeu? Sem dúvida, a vida! O que você está fazendo com ela? Neste ano, tudo pode ser diferente!
Auto-conhecimento, revisão de vida, auto-análise, busca de si mesmo (para ir ao encontro de Deus, da natureza e dos outros) são atitudes fundamentais para a realização de um “projeto de vida”. Não basta anotar em um papel ou numa agenda o que se quer fazer neste ano! Isto está fadado à falência! Em sabendo quem sou, vou procurar crescer, melhorar, aperfeiçoar-me… Nenhum projeto de vida deve ser programado a partir das realidades que estão fora de nós. Todo projeto de vida, ao contrário, deve nascer de cada um, da realidade concreta de cada existência, sem fantasia, máscaras ou engano. Além da busca de si mesmo, é preciso conhecer os que estão ao seu lado, sua família, seus colegas de estudo/trabalho, seu grupo de amizades, etc., e, a partir disto, sentir-se em harmonia com a natureza, com toda a obra da criação. E, não por último, mas em todos os momentos, ter a certeza do amor de Deus, da sua força renovadora, da sua presença redentora em toda a sua existência. Este auto-conhecimento, iluminado pela Palavra de Deus e discernido pela força do Espírito Santo, deverá ser assumido. Você deve assumir a sua história! Pois você não tem a sua idade, você é a sua idade! Amar os outros, sim… sempre! Mas, amá-los como a si mesmo! Amar a si significa perdoar-se, superar limites, traumas e ressentimentos… Querer o seu bem e o bem de todos! Amar significa viver!
Creio que, a partir de então, você poderá abrir a agenda! Tenho certeza que não encontrará somente datas a serem preenchidas ou compromissos que deverão ser cumpridos, mas ocasiões para viver melhor, para ser melhor… Todo o tempo será tempo da graça de Deus. E, em tudo o que nos propusermos a fazer neste ano, sempre iremos considerar: o que tal atividade, empenho ou compromisso nos levará a crescer, a superar-nos, a ser-mais-do-que-somos, a ser mais felizes, a amar mais, a ser mais de Deus!
Feliz e Abençoado Ano Novo a todos!
Pe. Tarcísio Pedro Vieira