Neste ano de 2015 acontece a 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.
Este Sínodo dos Bispos, que é congregado ao redor do Papa, dirige o seu pensamento a todas as famílias do mundo, com as suas alegrias, as suas dificuldades e as suas esperanças. De modo particular, sente o dever de dar graças ao Senhor pela fidelidade generosa com a qual tantas famílias cristãs respondem à sua vocação e missão. E fazem-no com alegria e com fé, mesmo quando o caminho familiar as coloca perante obstáculos, incompreensões e sofrimentos. A estas famílias dirigem-se o apreço, o agradecimento e o encorajamento da Igreja inteira e deste Sínodo.
Na vigília de oração celebrada na Praça de São Pedro no sábado 4 de outubro de 2014, em preparação para o Sínodo sobre a família, o Papa Francisco evocou de maneira simples e concreta a centralidade da experiência familiar na vida de todos, expressando-se com estas palavras: “Desce já a noite sobre a nossa assembleia. É a hora em que de bom grado se regressa a casa para se reunir à mesma mesa na consistência dos afetos, do bem feito e recebido, dos encontros que abrasam o coração e o fazem crescer, vinho bom que antecipa, nos dias do homem, a festa sem ocaso. Mas é também a hora mais pesada para quem se vê cara a cara com a própria solidão, no crepúsculo amargo de sonhos e projetos desfeitos. Quantas pessoas arrastam os seus dias ao beco sem saída da resignação, do abandono, ou até do rancor! Em quantas casas faltam o vinho da alegria e, consequentemente, o sabor – a própria sabedoria – da vida! Nesta noite, com a nossa oração, tornemo-nos voz de uns e de outros: uma prece por todos”.
Sobre a realidade da família, decisiva e preciosa, o Bispo de Roma exortou a meditar o Sínodo dos Bispos na sua Assembleia Geral Extraordinária, que teve lugar em outubro de 2014, para depois aprofundar a reflexão na Assembleia Geral Ordinária, que se realizará neste mês de outubro, bem como durante o ano inteiro que intercorre entre estes dois acontecimentos sinodais. “O próprio convenire in unum à volta do Bispo de Roma já é evento de graça, no qual a colegialidade episcopal se manifesta num caminho de discernimento espiritual e pastoral”: com estas palavras o Papa Francisco descreveu a experiência sinodal, indicando as suas tarefas na dúplice escuta dos sinais de Deus e da história dos homens, e na dupla e única fidelidade que disto deriva.
À luz deste mesmo discurso reunimos os resultados das nossas reflexões e dos nossos diálogos nas seguintes três partes: a escuta, para analisar a realidade da família hoje, na complexidade das suas luzes e das suas sombras; o olhar fixo em Cristo, para voltar a considerar com renovados vigor e entusiasmo aquilo que a revelação, transmitida na fé da Igreja, nos diz sobre a beleza, sobre o papel e sobre a dignidade da família; e o confronto à luz do Senhor Jesus, para discernir os caminhos através dos quais renovar a Igreja e a sociedade no seu compromisso em prol da família, fundamentada no matrimônio entre um homem e uma mulher.
As reflexões propostas, fruto dos trabalhos sinodais que tiveram lugar em grande liberdade e segundo um estilo de escuta recíproca, tencionam levantar interrogações e indicar perspectivas que deverão ser amadurecidas e especificadas pela reflexão ao longo da 14ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Não se trata de decisões já tomadas, nem de perspectivas fáceis. No entanto, o caminho colegial dos bispos e a participação de todo o povo de Deus, sob a ação do Espírito Santo, seguindo o modelo da Sagrada Família, poderão levar-nos a encontrar caminhos de verdade e de misericórdia para todos. Foram estes os bons votos que, desde o início dos nossos trabalhos, o Papa Francisco nos dirigiu, convidando-nos à coragem da fé e à aceitação humilde e honesta da verdade na caridade.
Fonte: http://www.vatican.va/